AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 11 Fevereiro de 2015: O desaparecimento do dólar no mercado cambial de Angola deixa a vida dos cambistas no mercado informal em risco. Por outro lado, o Banco Nacional diz que a desdolarização na economia do país é animadora.
Em declarações a DW África, os famosos “kinguilas” - cidadãos que
exercem a atividade cambial nos mercados informais do país tem vivido
uma realidade diferente desde 1 de Julho do ano passado. Foi quando o
executivo angolano obrigou as empresas petrolíferas que operam em Angola
e as demais instituições estrangeiras a efetuaram todos os pagamentos
de bens e serviços em moeda nacional.
Marcelina António trabalha há mais de vinte anos como cambista no antigo mercado do Roque Santeiro e agora exerce as suas atividades nas ruas do bairro Talatona em Luanda.
Marcelina António trabalha há mais de vinte anos como cambista no antigo mercado do Roque Santeiro e agora exerce as suas atividades nas ruas do bairro Talatona em Luanda.
Para ela, a decisão do Governo dificultou a vida porque já não se
consegue pagar as contas da casa. “Esses dias não estamos a conseguir
trocar dólar porque o Governo proibiu a circulação da moeda
[norte-americana]. Agora dependemos da venda de cartões telefónicos.
Agora estamos a passar mal, e não temos outro meio de sustento”, disse
Marcelina.
Novo negócio
Vender cartões de recargas para telemóvel é o meio sobre o qual os
“kinguilas” optaram para o sustento das suas famílias - negócio que,
segundo os mesmos, é pouco rentável.
Mas fazem-no por não existir alternativa, sabendo que há imensas dificuldades em obter um emprego no país.
Outra “kinguila” ouvida pela reportagem relata que houve significativa deterioração no seu nível de vida. “A nossa vida agora está péssima, estamos sem emprego e o trabalho é esse da rua. Não sei o que podemos fazer! Estamos atrás do Governo para nos dar emprego, mas também não nos dá."
Outra “kinguila” ouvida pela reportagem relata que houve significativa deterioração no seu nível de vida. “A nossa vida agora está péssima, estamos sem emprego e o trabalho é esse da rua. Não sei o que podemos fazer! Estamos atrás do Governo para nos dar emprego, mas também não nos dá."
A cambista do mercado informal pensa em alternativas para garantir a
sobrevivência da sua classe. "Voltem o sistema antigo, que se ganhava em
dólar. Que voltem a receber os salários nesta moeda. Assim, nós da
camada baixa vamos sobreviver."
Segundo fontes de algumas agências bancárias em Luanda que não quiseram gravar entrevista, os bancos têm apenas autorização de venderem dólares aos cidadãos que estão prontos para viajar. Tais pessoas devem apresentar o passaporte com um visto de duas semanas de antecedência.
Segundo fontes de algumas agências bancárias em Luanda que não quiseram gravar entrevista, os bancos têm apenas autorização de venderem dólares aos cidadãos que estão prontos para viajar. Tais pessoas devem apresentar o passaporte com um visto de duas semanas de antecedência.