AUGUSTO CAMPOS, LUANDA, 04 Novembro 2014: Brittany Maynard, de 29 anos, morreu no dia que escolheu. Tinha anunciado que cometeria suicídio assistido a 1 de Novembro para evitar o sofrimento de uma morte lenta provocada pelo cancro no cérebro. "Hoje foi o dia que escolhi para morrer com dignidade", diz a mensagem que deixou e que foi divulgada, assim como a notícia da sua morte, no domingo.
O seu marido, Sean Crowley — porta-voz da
organização Compassion&Choices —, disse que morreu "em paz, no seu
quarto, abraçada aos seus entes queridos".
"Adeus a todos os meus
amigos e familiares. Hoje foi o dia que escolhi para morrer com
dignidade, enfrentando a minha doença terminal, este terrível cancro no
cérebro que me roubou tanto... mas que que me iria roubar ainda mais. O
mundo é um lugar belo.(...) Adeus mundo", diz a mensagem de Maynard.
Brittany
Maynard foi diagnosticada em Janeiro e os médicos disseram-lhe que não
viveria um ano. O cancro no cérebro estava muito avançado e era muito
agressivo. Começou, então, uma campanha pelo direito à eutanásia nos
Estados Unidos, onde só cinco estados — Montana, Novo México, Vermont,
Washington e Oregon — aprovaram leis sobre "morte com dignidade".
Maynard,
que morava em Oakland, na Califórnia, teve que mudar para Portland (no
vizinho Oregon). Recebeu uma prescrição com os medidamentos adequados ao
seu caso. A lei da "morte com dignidade" foi aprovada neste estado em
1997 e, até Janeiro de 2014, 1200 pessoas tinham pedido o suicídio
clinicamente assistido - destas, 750 cometeram eutanásia, a maior delas
com idades perto dos 71 anos e que nos seus requerimentos invocaram a
perda de autonomia.
Com o marido e através da
Compassion&Choices, Brittany Maynard começou uma campanha para
pressionar os outros estados a aprovarem leis idênticas. A campanha,
Brittany Maynard Fund, centrou-se no seu caso e nos vídeos que ia
publicando sobre a evolução do seu estado clínico desde que lhe foi
diagnosticada a doença terminal.
Dois dias antes da data que marcou para a sua morte, Maynard publicou um vídeo dizendo que poderia alterar a data. "Ainda
me sinto bem o suficiente e ainda tenho alegria suficiente, ainda
consigo rir e sorrir com a minha família e amigos o suficiente para que
este não pareça ser o momento certo", dizia. Mas reconhecia que
fisicamente começava a ficar debilitada devido ao inchaço do cérebro
provocado pelo cancro, que se estende ao resto do corpo. Decidiu, por
isso, manter a data para a sua "morte com dignidade".
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