AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 11 Julho 2014:
Pablo Emilio Escobar Gaviria, colombiano conhecido
no mundo todo pelo seu primeiro e terceiro nome, foi um mito do
narcoterrorismo e um dos homens mais ricos do mundo nos anos 90.
Apelidado carinhosamente de “Don Pablito” ou “El Patron”, chefiava o
Cartel de Medellín, traficando bilhões de dólares em cocaína com sua dócil política chamada "plata o plomo" (prata ou chumbo).
Inteligente, o criminoso ajudava a população carente da Colômbia e
utilizava a ideologia antiimperialista para camuflar suas ações ilegais,
ganhando apoio da maioria dos colombianos. Por exemplo, Escobar
construía estádios de futebol e financiava alguns times da cidade, dizia
tirar dos ricos para dar aos pobres, criando uma imagem de Robin Hood.
Com isso, o povo de Medellín acobertava-o, escondendo informações e
fazendo o possível para protegê-lo das autoridades.
Ele teve uma infância pobre, nasceu em um barraco na cidade de
Rionegro, em Antioquia. Foi o terceiro a ver o mundo entre seus seis
irmãos e recebeu educação de um camponês, seu pai Abel de Jesus Escobar e
de uma professora do ensino fundamental, sua mãe Gaviria Hemilda.
Iniciou seus estudos em Ciências Políticas, mas desistiu por não
conseguir pagar a mensalidade da faculdade. Então escolheu a solução
para seus problemas no mundo do crime, inicialmente roubando túmulos e
os revendendo para contrabandistas. Porém, Roberto Escobar, seu irmão,
nega que Pablo tenha feito isso.
De qualquer forma, Escobar exercia outras atividades ilegais no
início de sua carreira criminal. Começou com pequenos golpes como
contrabando de cigarros falsos e venda de bilhetes de loteria
falsificados. Aos 20 anos, já era um grande ladrão de carros, ao mesmo
tempo em que atuava como guarda-costas. Antes de entrar no tráfico,
conseguiu 100 mil dólares sequestrando um executivo de Medellín. Escobar
começou a lucrar alto prestando trabalhos ao contrabandista Álvaro
Prieto e, aos 22 anos, Pablo já era milionário.
No ano de 1975, Escobar começa a se envolver com o tráfico de
cocaína. Fazia viagens de ida e volta entre Colômbia e Panamá,
contrabandeando drogas para os Estados Unidos. Começou a ganhar
notoriedade quando encomendou o assassinato de Fabio Restrepo, um
revendedor de Medellín que tentou lhe matar. Um ano depois, Escobar e
seus homens foram pegos com 18 quilos de pasta base, utilizada na
composição da coca, após retornarem do Equador. Depois deste episódio,
Pablo iniciava suas tentativas de suborno. Comprou alguns juízes de
Medellín e conseguiu com que o caso fosse arquivado. Foi aí que começou
sua política de lidar com autoridades matando-as ou subornando-as, o
famoso sistema “O PLATA O PLOMO” (ou prata [dinheiro] ou chumbo).
Durante os anos 80, sua rede de distribuição de drogas ganha
repercussão internacional. O Cartel de Medellín era peça chave no
contrabando da cocaína que chegava aos Estados Unidos pelo México, Porto
Rico e República Dominicana. Fora isso, outros mercados atingidos pelo
cartel foram o Europeu e o Asiático.
Escobar fazia qualquer coisa para atingir seus objetivos. Foi
responsabilizado pela morte de três políticos colombianos que concorriam
à presidência, por explodir um avião da Avianca 203 e o prédio de
segurança pública da cidade de Bogotá; e pelas guerras sangrentas com o
Cartel de Cali. Segundo alguns historiadores, Pablo enviava cartas para
suas vítimas, convidava-as para seus próprios enterros, que ocorriam
precisamente nas datas sugeridas pelo terrorista.
Em 1991, após cometer o assassinato de Luis Carlos Galán, um
candidato à presidência, Escobar fez um acordo com o governo colombiano
para evitar sua extradição para os Estados Unidos ou sua morte pelo
Cartel de Cali. Pressionado pelas autoridades e pela opinião pública,
Escobar foi preso em uma prisão luxuosa, construída por ele mesmo, a La
Catedral.
Após este episódio, a extradição de cidadãos colombianos foi proibida
e uma nova constituição foi aprovada. Porém, suspeita-se, apenas
suspeita-se, de que o rei da coca tenha influenciado alguns membros da
Assembléia Constituinte. Mesmo preso, Escobar continuava com suas
atividades ilegais. Em 1992, escapou antes da transferência para outra
prisão, com medo de ser extraditado para os Estados Unidos. Como ele
mesmo dizia, “prefiro uma cova na Colômbia a uma cela nos E.U.A.”.
A guerra contra o narcotraficante chegou ao fim quando uma equipe de
especialistas em eletrônica colombianos, utilizando uma tecnologia de
triangulação de rádio criada pelas autoridades americanas, encontrou
Escobar desprevenido em um bairro de classe média de Medellín. Após um
tiroteio, o traficante acabou encurralado em um telhado e levou uma
saraivada de tiros. Algumas balas atingiram a perna, outras as costas,
mas a fatal foi próxima ao ouvido. Apesar de ser o mais aceito, este é
um acontecimento controverso e tem várias versões. Do episódio, restam
apenas algumas fotos de policiais colombianos posando atrás do prêmio.
Um barrigudo, morto e descalço Pablo Escobar.
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