AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 18 Julho 2014: O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, anunciou nesta quinta-feira uma "investigação imediata" sobre o avião de Malaysia Airlines com 295 pessoas a bordo que caiu hoje no leste da Ucrânia, cenário de um conflito bélico entre as forças governamentais e rebeldes.
"Estou consternado pelas notícias do avião da Malaysia Airlines
acidentado. Iniciamos uma investigação imediata", afirmou o
primeiro-ministro em sua conta no Twitter.
Fontes ucranianas afirmam que a aeronave pode ter sido derrubada pelos
insurgentes pró-Rússia, mas o ministro de Defesa da Malásia,
Hishammuddin Hussein, disse que ainda é cedo para confirmar as causas do
acidente.
"Sem confirmação de que foi derrubado. Encomendamos a nossos militares
para que trabalhem nisso", afirmou Hishammuddin nas redes sociais.
A companhia Malaysia Airlines confirmou hoje que perdeu contato com o
avião de passageiros Boeing-777 no leste da Ucrânia que fazia o trajeto
entre Amsterdã (Holanda) e Kuala Lumpur (Malásia).
"Malaysia Airlines perdeu contato com o MH17 que saiu de Amsterdã. A
última posição conhecida era sobre o espaço aéreo da Ucrânia. Enviaremos
mais detalhes em seguida", disse a companhia aérea em sua conta no
Twitter.
Nas redes sociais começaram a surgir uma grande quantidade de mensagens de pesar pelo acidente do voo MH17.
"Espero que não seja verdade. Deus, salva teus filhos", escreveu no
Twitter Maira Elizabeth Nari, filha do chefe dos comissários do voo
MH370, que desapareceu sobre o oceano Índico.
Nari pediu que não sejam disseminados rumores sobre o acidente por uma
questão de respeito aos familiares dos passageiros e da tripulação.
"Não tínhamos nos recuperado do trauma do MH370 e agora o MH17. Agora
todos os olhares estão na Malásia. Alá, grande provação nos trouxeste",
afirmou outro cidadão da Malásia, país de maioria muçulmana.
"Centenas de aviões voam no espaço aéreo, trata-se do lugar errado na
hora errada ou são vítima de homens de gatilho fácil' na Ucrânia?",
perguntou outro internauta, Johan Jaaffar.
"Estou consternado e horrorizado. E triste. Mas estou rezando para que ocorra um milagre", acrescentou o malaio Jaaffar.
Pelo menos 295 pessoas estavam no avião que caiu na região ucraniana de
Donetsk, cenário de combates entre as forças governamentais da e os
rebeldes, segundo informaram autoridades ucranianas citadas pela agência
russa 'Interfax'.
"Morreram 280 passageiros e 15 membros da tripulação", escreveu Anton
Guerashenko, assessor do ministro do Interior ucraniano em sua página de
Facebook.
Testemunhas citadas pelas agências russas e ucranianas asseguram ter encontrado dezenas de corpos entre os escombros
Segundo um porta-voz do Ministério para Situações de Emergência da
Ucrânia os corpos estão espalhados em um raio de 15 quilômetros.
Guerashenko acrescentou que o Boeing-777 foi abatido por um foguete
terra-ar lançado por um sistema de mísseis Buk em uma da cidade de
Snezhnoye, que está sob o controle dos milicianos separatistas.
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, disse que não descarta que o avião tenha sido derrubado.
"Nos últimos dias, este é o terceiro caso trágico deste tipo, depois de
terem sido derrubados um An-26 e um Su-25. Não descartamos que este
avião também tenha sido alcançado", afirmou Poroshenko.
"As Forças Armadas ucranianas não realizavam nenhuma ação para derrubar alvos no ar", explicou o presidente.
Representantes da autoproclamada república popular de Donetsk negaram
possuir armamento capaz de derrubar um avião a 10 mil metros de altura.
O porta-voz militar da operação antiterrorista no leste da Ucrânia,
Vladislav Selezniov, confirmou à agência oficial russa "RIA Novosti" que
o avião caiu perto da cidade de Shakhtiorsk.
A Malásia ainda não se recuperou do desaparecimento de outro avião da
Malasian Airlines, que caiu em 8 de março com 239 pessoas no oceano
Índico após se desviar de sua rota entre Kuala Lumpur e Pequim. Até o
momento não foi encontrado nenhum escombro da aeronave.