AUGUSTO CAMPOS | LUANDA: De acordo com o site angolano MAKA ANGOLA,
o Banco Espírito Santo Angola (BESA) enfrenta atualmente graves
problemas financeiros causados por créditos malparados na ordem dos
6.500 milhões de dólares, incluindo 1.500 milhões em juros.
Os créditos duvidosos têm origem, segundo o artigo, em empréstimos
generosamente distribuídos pelo então presidente da comissão executiva,
Álvaro Sobrinho, “a conhecidas figuras do regime angolano, incluindo
vários membros do Bureau Político do MPLA”. Álvaro Sobrinho ocupou o
cargo entre 2002 e 2013. Foi substituído no cargo por um membro do
próprio Bureau Político do MPLA, António Paulo Kassoma, que já exerceu
os cargos de primeiro-ministro e de presidente da Assembleia Nacional.
Beneficiário dos próprios empréstimos
O Canl 82 sustenta que o próprio Sobrinho
concedeu a si mesmo empréstimos no valor de 200 milhões de dólares.
Também Eugénio Neto, “Geny Neto”, vice-presidente da Espírito Santo
Commerce (Escom) em Angola, é apontado como “facilitador” na concessão
de empréstimos à cúpula do MPLA – e também teria recebido empréstimos do
BESA no valor de 500 milhões de dólares.
Segundo o artigo do site do jornalista Rafael Marques, “os
empréstimos concedidos pelo BESA a altas figuras do regime são
atualmente considerados como 'ativos tóxicos', pela elevada
improbabilidade de serem pagos”.
O artigo afirma ainda que “para evitar o colapso do banco, o governo
angolano teve de conceder uma garantia soberana ao BESA destinados à
cobertura dos créditos concedidos à nomenklatura” angolana.
Segundo o MAKA ANGOLA, “para evitar a degradação da
imagem externa da banca nacional, à qual está indexada a atividade da
sua unidade de supervisão, o Banco Nacional de Angola também tem
recorrido ao secretismo para lidar com o caso BESA”.
Segundo o artigo do site do jornalista Rafael Marques, “os empréstimos concedidos pelo BESA a altas figuras do regime são atualmente considerados como 'ativos tóxicos', pela elevada improbabilidade de serem pagos”.
Negócios de Álvaro Sobrinho
Recorde-se que Álvaro Sobrinho detém a Newshold, grupo angolano que, além do semanário Sol, já controla 15% da Cofina (Correio da Manhã, Jornal de Negócios, revista Sábado), bem como o jornal i.
Com a portuguesa Ongoing, a Newshold formou a Scoremedia, uma empresa
que tinha como objetivo concorrer à privatização da RTP, entretanto
gorada. Quando a Ongoing ficou com a filial brasileira da editora Babel,
quem se associou em Lisboa a Paulo Teixeira Pinto foi Álvaro Sobrinho,
com 66% da editora.
Sobrinho também tem interesses no futebol. Em meados de 2013, a
sociedade Holdimo, ligada a Álvaro Sobrinho, anunciou a conversão dos
seus créditos sobre a SAD do Sporting em ações – no valor de 20 milhões
de euros, equivalentes a 26% da sociedade. Sobrinho está ainda presente
na indústria conserveira, onde controla 80% das fábricas das marcas Bom
Petisco e da Pitéu.
Segundo o livro “Os Donos Angolanos de Portugal”, as notícias sobre
as investigações judiciais a Álvaro Sobrinho pela compra de seis
apartamentos milionários no edifício Estoril Residence tornaram
melindrosa a sua permanência na presidência do BESA, e por isso foi
“empurrado para chairman (não-executivo)”, ficando, no seu
lugar, um fiel de Ricardo Salgado”. Pouco depois saiu dos órgãos do
banco, substituído no lugar de chairman pelo já citado Paulo Kassoma.
TEXTO: E.NET:
MK ANGOLA
TEXTO: E.NET:
MK ANGOLA