AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 28 de Maio de 2014: Angelina Jolie submeteu-se a uma dupla
mastectomia para prevenir o cancro da mama. Tinha 87% de probabilidade
de vir a sofrer da doença. Numa carta ao "New York Times", a actriz
norte-americana explica a decisão. "Posso agora dizer aos meus filhos
que não precisam de ter medo de me perder para o cancro da mama".
"Queria escrever isto para dizer às
outras mulheres que a decisão de fazer uma mastectomia não foi fácil.
Mas agora estou muito contente por a ter feito. As minhas probabilidades
de ter cancro da mama reduziram-se de 87% para 5%", escreve Angelina
Jolie, num artigo do New York Times, no qual começa por recordar que perdeu a mãe para doença.
"A
minha mãe lutou contra o cancro durante quase uma década e morreu aos
56 anos. Viveu tempo suficiente para ver o primeiros dos seus netos e
segurá-los nos braços. Mas os meus outros filhos nunca terão
oportunidade de a conhecer e de sentir como ela era adorável e
graciosa", conta.
A atriz, de 37 anos, é portadora de um dos genes
que aumenta o risco de cancro da mama e do de ovários. É isso que
conta: "Falamos muitas vezes da 'mamã da mamã' e acabo por ter de lhes
tentar explicar a doença que a tirou de nós. Os meus filhos perguntam-me
se me pode acontecer o mesmo a mim. Disse-lhes sempre para não se
preocuparem, mas a verdade é que sou portadora do gene defeituoso, o
BRCA1, que aumenta brutalmente o risco de eu desenvolver cancro da mama e
do ovário".
No artigo, Jolie explica que apenas uma pequena
percentagem dos tumores da mama são hereditários, entre 5 e 10%. Mas que
no seu caso, os médicos descobriram que é portadora do BRCA1, que eleva
muito as possibilidades.
Geralmente, as mulheres portadoras do
BRCA1 são submetidas a avalizações rigorosas e existe um medicamente
para reduzir o risco natural de desenvolver a doença. Mas há também cada
vez mais mulheres que optam por se submeter a uma mastectomia
preventiva, procedimento complexo que reduz drasticamente o risco de
cancro.