AUGUSTO CAMPOS | LUANDA: A seguir à Serra Leoa, Angola ocupa o segundo posto na lista de países, a
nível mundial, com a maior taxa de mortalidade infantil no ano de 2012.
Os dados são do mais recente relatório da UNICEF, 'A Situação Mundial
da Infância em Números 2014', lançado no âmbito do 25.º aniversário da
adopção da Convenção sobre os Direitos da Criança.
O mesmo documento
refere que em 2012 cerca de 6,6 milhões de crianças com menos de cinco
anos morreram, a maior parte de causas evitáveis. As estatísticas, que
apresentam os pontos críticos de menores em situação de risco no mundo,
revelam que, em 2012, ao nível da região oriental e meridional do
continente africano, em cada 1.000 bebés nascidos vivos, 77 morreram
antes de completarem cinco anos. De acordo com o relatório, durante o
período em análise, na mesma região, morreram cerca de 1.2 milhão de
crianças menores de cinco anos.
Carlos Alberto Masseca,
secretario de Estado da Saúde, aquando da abertura das últimas Jornadas
Científicas sobre Doenças Tropicais e Grandes Endemias, referiu que as
doenças tropicais constituem as principais causas de morte em Angola.
O
responsável, na altura, avançou que os Estados têm encontrado
dificuldades em controlar este tipo de doenças - e apontou que só
combatendo o conjunto de doenças tropicais que afectam fundamentalmente
crianças e mulheres, será possível reduzir a mortalidade materna e
infantil no país.
Falta de cuidados básicos agrava a situação
Elizabeth
Mason, directora do departamento de saúde da Organização Mundial da
Saúde, em declarações à Voz da América, considerou que as altas taxas de
mortalidade materno infantil podem ser reduzidas.
Para a
responsável, os primeiros dias de vida da criança são os mais críticos
para a sua sobrevivência, pelo que a sua saúde vai depender directamente
dos cuidados que a mãe receber durante a gravidez - e, mais importante
ainda, o tratamento que o bebé vai receber durante o parto e nas
primeiras horas de vida.
A lista das doenças responsáveis pela
elevada taxa da mortalidade infantil no mundo vai além da malária:
destacam-se os partos prematuros e casos de asfixia durante o parto,
diarreia e também a subnutrição, fez saber Elizabeth Mason.
A
redução da mortalidade infantil afigura-se como um dos Oito Objectivos
de Desenvolvimento do Milénio. Koen Varnomelingem, representante da
UNICEF em Angola, em declarações ao Jornal de Angola, explicou que a sua
organização tem vindo a desenvolver programas com vista a melhorar os
resultados no campo da subnutrição - um mal que tem grande influência
nas taxas de mortalidade infantil em Angola.
Por outro lado, para
diminuir a incidência da malária, o Programa Nacional de Controle da
Malária está a implementar um programa de distribuição de mosquiteiros
ao nível do país.
A responsável do departamento de saúde da OMS,
entretanto, considera necessários outros cuidados como a implementação
de soluções que defende serem de baixo custo, como injecções aplicadas
às mães antes do nascimento e os cuidados que têm que ver com a
colocação dos bebés numa bolsa mas permanecendo em contacto com o peito
da mãe, permitindo que a criança se mantenha aquecida e com acesso ao
leite materno.
FONTE: SOL