Adaptado Por: Augusto Campos | Canal 82 | Luanda - Foi só quando deixou o aeroporto de Guarulhos, após
desembarcar de um voo vindo de Angola, que o operário brasileiro José
Edval da Silva se sentiu aliviado. Terminava ali um pesadelo iniciado três meses
antes, quando, em agosto de 2012, ele aceitara um convite para trabalhar
numa das maiores obras da empreiteira brasileira Odebrecht em Angola: a
construção da usina Biocom, primeira unidade de produção de açúcar,
etanol e eletricidade do país africano.
A proposta – feita pela empresa W Líder, subcontratada da Odebrecht
na usina – atraiu-lhe pelo salário, o dobro do que ganhava no Brasil. No
canteiro de obras, porém, ele diz ter vivido "o inferno na Terra".
Com crises de vômito e diarreia, o operário
afirma ter perdido 16 dos seus 90 quilos em um mês. O motivo de seu
mal-estar, segundo ele, eram a falta de higiene do local e a baixa
qualidade da comida. "Só de sentir o cheiro dava nojo", conta.
Relatos de outros ex-operários brasileiros da
mesma obra dados à BBC Brasil reforçam o quadro de falta de higiene,
mencionando a presença de ratos e baratas em refeitórios e que eram,
muitas vezes, obrigados a "defecar no mato". Outros contraíram malária e
febre tifoide, doenças cuja incidência pode ser reduzida com medidas de
prevenção.