sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

NELSON MANDELA DISSE QUE PAZ EM ANGOLA ERA PRIORIDADE




Por: Augusto Campos | Canal 82 | Luanda

Entrevista feita por António Mateus, ex-delegado da Lusa na África do Sul, distribuída originalmente pela agência a 22 de Abril de 1994:
O presidente do ANC, Nelson Mandela, disse à Agência Lusa que a sua "prioridade de topo" como Presidente da África do Sul será visitar Angola e ajudar a encontrar uma solução de paz para este país.
Em entrevista à Lusa, Nelson Mandela - que tudo indica será eleito presidente pela Assembleia Nacional sul-africana a 06 de Maio - disse que só não tomou ainda esta iniciativa devido aos problemas internos que o seu país atravessa.
O líder do ANC acrescentou que na data em que programou deslocar-se a Luanda para se encontrar com os presidentes de Angola, José Eduardo dos Santos, e de Moçambique, Joaquim Chissano, viu-se impedido, devido ao problema da violência política nas cidades negras sul-africanas.
"Angola é um país muito próximo de nós, porque dali operamos durante muito anos em que tivemos de (ir para o exílio) lançar a luta armada", afirmou Mandela, na sede do ANC em Joanesburgo.
Mandela referiu seguidamente o cuidado que o ANC deve ter para que na África do Sul não se reedite o problema de Angola depois das eleições.
"O diálogo é a arma mais importante", disse, acrescentando que o ANC tinha alterado a posição do Partido Nacional (no poder) que "na altura estava exactamente na mesma posição que presentemente a extrema-direita".
"Transformámo-los e eles [Partido Nacional] são o nosso principal parceiro na reconstrução nacional", ressaltou.
O líder do ANC avançou a fórmula de governo que pensa aplicar pós-eleições na África do Sul, em cujo parlamento terão assento todos os partidos com 05 ou mais por cento do total de votos nacionais.
"Queremos colocar à frente do país um governo unido, que aproxime todos os vários grupos nacionais, as diversas correntes de opinião política, de forma a que possamos atender em equipa aos problemas nacionais deste país", afirmou o líder anti-'apartheid'.