AUGUSTO CAMPOS | CANAL 82 | LUANDA - A UNITA, maior partido da oposição em Angola, avançou com a
manifestação “contra a repressão” e voltará á faze-los nos próximos dias marcada para este sábado em Luanda
apesar da proibição decretada na sexta-feira à noite pelo Ministério do
Interior. O porta-voz e histórico do partido, Alcides Sakala, falou ao
PÚBLICO já depois de terminada a manifestação, interrompida pela
polícia. Sakala denunciou "o uso excessivo da força" numa iniciativa que
podia ter sido mais participada se as pessoas não tivessem sido
intimidadas, segundo o relato de um jornalista angolano.
"Foram usadas bombas de gás lacrimogéneo, armas de fogo, polícia
montada a cavalo, cães, polícia anti-motim e helicópteros", exemplificou
Alcides Sakala sobre a manifestação que disse ter "cumprido o objectivo
político" de juntar pessoas "em todas as capitais provinciais". "Dois
tiros foram disparados pela polícia" quando Alcides Sakala falava com
jornalistas estrangeiros, segundo descreveu o próprio ao PÚBLICO pelo
telefone e noticiou a Lusa.
Em Luanda, logo pela manhã, relata a Lusa, dezenas de pessoas concentraram-se junto ao cemitério de Santana, ponto de encontro para uma marcha prevista para seguir até ao centro da cidade. A marcha acabou por não se realizar, depois da intervenção da Polícia de Intervenção Rápida, que interrompeu a manifestação proibida pelo Ministério do Interior na véspera, alegando o risco de distúrbios por estar marcada para o mesmo dia uma manifestação do MPLA, no poder.
As pessoas foram intimidadas no sentido de não participarem, disse ao PÚBLICO Ilídio Manuel, jornalista do Semanário Angolense. Também Mário Paiva, jornalista angolano freelance disse por telefone que desde sexta-feira se notava nas ruas de Luanda o forte aparato policial. Contactado ao final da manhã, este jornalista destacou a gravidade dos acontecimentos ao início da madrugada: a morte de um dirigente da ala juvenil do segundo maior partido da oposição Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), pela guarda presidencial de José Eduardo dos Santos, segundo denunciou o líder do partido e antigo dirigente da UNITA, Abel Chivukuvuku.
Chivukuvu disse à Lusa que os dirigentes do seu partido colavam cartazes anti-Governo quando foram detidos e levados em carros da guarda presidencial. Um deles saiu do carro e “foi baleado”, denunciou. “Luanda vive uma situação de quase estado de sítio. A guarda presidencial comanda toda a cidade”, acrescentou à Antena Um o antigo dirigente da UNITA a maio da manhã.
A notícia da morte do dirigente (não confirmada pela polícia) e da detenção de dezenas de militantes, apoiantes ou dirigentes da oposição, acentuou a tensão sentida na expectativa da realização da primeira manifestação da oposição a realizar-se fora do período eleitoral.
A iniciativa foi apresentada como “um acto pacífico de repúdio das violações dos direitos humanos” em Angola. Depois dos avisos da polícia e da proibição do Ministerio do Interior, o principal partido da oposição alterou apenas o percurso para evitar encontros com apoiantes do MPLA, partido no poder, que também anunciou uma manifestação para este sábado.
O Ministério do Interior justificou a proibição da manifestação da UNITA, partido liderado por Isaías Samakuva, por “factores de conflitualidade perturbadores da ordem, segurança e tranquilidade públicas e até mesmo da segurança interna”, susceptíveis de serem provocados no contexto actual com “a realização das manifestações de carácter político pelo partido MPLA e pelo partido UNITA poderão constituir", de acordo com um comunicado citado pela agência Lusa. Depois de uma guerra civil de 27 anos, MPLA e UNITA assinaram a paz em Abril de 2002.
Na quinta-feira, a Polícia Nacional tinha aconselhado a UNITA a
desistir da iniciativa anunciada no dia 15 de Novembro, perante a
informação, quatro dias depois, de que também o MPLA sairia à rua no
mesmo sábado. Em comunicado do Bureau Político, datado de dia 19 de
Novembro, o partido no poder, liderado pelo Presidente José Eduardo dos
Santos, acusava a UNITA de querer, com a realização da manifestação
deste dia, “criar o caos e a anarquia”. A polícia pediu também ao MPLA
para reconsiderar a data da manifestação.
Em Luanda, logo pela manhã, relata a Lusa, dezenas de pessoas concentraram-se junto ao cemitério de Santana, ponto de encontro para uma marcha prevista para seguir até ao centro da cidade. A marcha acabou por não se realizar, depois da intervenção da Polícia de Intervenção Rápida, que interrompeu a manifestação proibida pelo Ministério do Interior na véspera, alegando o risco de distúrbios por estar marcada para o mesmo dia uma manifestação do MPLA, no poder.
As pessoas foram intimidadas no sentido de não participarem, disse ao PÚBLICO Ilídio Manuel, jornalista do Semanário Angolense. Também Mário Paiva, jornalista angolano freelance disse por telefone que desde sexta-feira se notava nas ruas de Luanda o forte aparato policial. Contactado ao final da manhã, este jornalista destacou a gravidade dos acontecimentos ao início da madrugada: a morte de um dirigente da ala juvenil do segundo maior partido da oposição Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), pela guarda presidencial de José Eduardo dos Santos, segundo denunciou o líder do partido e antigo dirigente da UNITA, Abel Chivukuvuku.
Chivukuvu disse à Lusa que os dirigentes do seu partido colavam cartazes anti-Governo quando foram detidos e levados em carros da guarda presidencial. Um deles saiu do carro e “foi baleado”, denunciou. “Luanda vive uma situação de quase estado de sítio. A guarda presidencial comanda toda a cidade”, acrescentou à Antena Um o antigo dirigente da UNITA a maio da manhã.
A notícia da morte do dirigente (não confirmada pela polícia) e da detenção de dezenas de militantes, apoiantes ou dirigentes da oposição, acentuou a tensão sentida na expectativa da realização da primeira manifestação da oposição a realizar-se fora do período eleitoral.
A iniciativa foi apresentada como “um acto pacífico de repúdio das violações dos direitos humanos” em Angola. Depois dos avisos da polícia e da proibição do Ministerio do Interior, o principal partido da oposição alterou apenas o percurso para evitar encontros com apoiantes do MPLA, partido no poder, que também anunciou uma manifestação para este sábado.
O Ministério do Interior justificou a proibição da manifestação da UNITA, partido liderado por Isaías Samakuva, por “factores de conflitualidade perturbadores da ordem, segurança e tranquilidade públicas e até mesmo da segurança interna”, susceptíveis de serem provocados no contexto actual com “a realização das manifestações de carácter político pelo partido MPLA e pelo partido UNITA poderão constituir", de acordo com um comunicado citado pela agência Lusa. Depois de uma guerra civil de 27 anos, MPLA e UNITA assinaram a paz em Abril de 2002.
MPLA acusa UNITA de querer "criar o caos"