AUGUSTO CAMPOS | LUANDA - O Jornal de Angola saiu em defesa da actuação do ministro
português dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, e de caminho acusou a
procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, de se ter posto “fora da
lei”.
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Num artigo de opinião assinado por Álvaro Domingos, que vários
sites angolanos identificam como sendo o pseudónimo de um jornalista que presta
assessoria ao director do jornal do regime, oJornal
de Angola sustenta
que Machete mais não fez do que “pedir diplomaticamente desculpa (e não
desculpas diplomáticas) pelas patifarias cometidas pelo Ministério Público e
órgãos de comunicação social contra o vice-presidente angolano, Manuel Vicente,
e o procurador-geral da República, João Maria de Sousa” – que, segundo
noticiário publicado em Portugal, foram investigados no âmbito de um
inquérito-crime aberto pela Procuradoria-Geral da República por fraude fiscal e
branqueamento de capitais.
“Ao alimentar manchetes e notícias falsas que têm no
centro figuras públicas angolanas, o Ministério Público e a procuradora-geral
da República, Joana Vidal, puseram-se fora da lei.”
“E deram esse salto arriscado, para atentarem contra a honra e o bom nome de
dois cidadãos que desempenham altas funções no Estado angolano”, opina Álvaro
Domingos. Perante tal situação, prossegue o artigo, “é natural que o ministro
Rui Machete tivesse vontade de deitar água na fervura”. O problema é que “a
procuradora-geral, Joana Vidal, toda abespinhada, atirou-se ao ministro”,
enquanto “os sindicatos dos juízes e do Ministério Público o crucificaram”.
Álvaro Domingos lamenta que Rui Machete tenha sido “trucidado” pelos “mais
assanhados membros das elites corruptas e caloteiras portuguesas”, que terão
aproveitado a ocasião para “lançar a habitual chuva de calúnias contra os
dirigentes angolanos, eleitos democraticamente”.
O artigo termina exigindo a Joana Marques Vidal que revele
a angolanos e portugueses quem foram os membros do Ministério Público que
violaram o segredo de justiça.
A polémica em torno do ministro dos Negócios Estrangeiros
surgiu depois de o governante ter, em entrevista a uma rádio angolana,
pedido desculpa pelas investigações que o Ministério Público português tem em
curso sobre várias figuras daquele país. Diversos dirigentes políticos e
analistas pediram já a demissão de Machete, mas o primeiro-ministro, Passos
Coelh,o desvalorizou aquilo que considerou poder ter sido "uma expressão
menos feliz" do ministro dos Negócios Estrangeiros.